FRAGMENTOS DE UM NOVO TERRITÓRIO é o resultado de várias experiências artísticas, onde Isabel Sommer escolhia algumas paisagens naturais e a partir delas realizava intervenções. Utilizando faixas de algodão tingidos, repensa a paisagem e o território, quando recria e captura através de recortes fotográficos esse cenário. Seu interesse não reside em registrar a experiência em si, mas os resíduos dessa imersão. Mesmo sendo fragmentos, essas imagens são cheias de grafismos e pura potência poética.
A partir dos hábitos de observação do céu, do horizonte e de paisagens naturais, Isabel Sommer iniciou sua busca por compreender como as cores, nuances e transições cromáticas são percebidas por nossa retina. Esse olhar para o horizonte, que permanecia constantemente em modificação, foi motivador para muitos registros fotográficos e depois explorado com tintas e pigmentos, na tentativa de decifrar essa paleta de cores. Isabel realizou posteriormente ações em espaços naturais, onde a fotografia surgiu novamente como possibilidade de fixar essas imagens. Com isso, surgiram essas novas paisagens como resultado desses vários desdobramentos, em que as cores, linhas, formas e camadas revelam uma complexidade pictórica. O espectador pode ou não saber desse processo artístico, mas o que realmente interessa é a força que essas imagens carregam.
Essas paisagens nasceram a partir de uma visão estética em relação à natureza, onde o que se permanece é o detalhe, a textura, a proximidade, ou seja, o fragmento desse todo. Ao selecionar, escolher o que é fundamental para a percepção visual, existe uma apreensão espacial do espaço sensível. Se pensarmos a construção do olhar da Paisagem, essa deu-se gradativamente e, na atualidade, não sendo determinada pela natureza ou pela topografia é articulada por experiências e práticas discursivas. A paisagem contemporânea passa a integrar a ideia de território, e é a partir desse conceito complexo que Isabel Sommer cria um mapa visual de seus novos territórios onde compartilha um fragmento conosco.
(Texto de Juliana Sommer)
